quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Você para pra pensar...



Você para pra pensar e não é nada daquilo que você pensou.
Nem sequer imaginou que poderia ter apodrecido com o tempo. Não cogitou em nenhum momento que a multiplicação é sempre um câncer.

O que fazer em desertos gelados? Como não ser vencido pelo cansaço?

Os ventos da existência desgastam até a pedra mais bem polida. Não há espaço para tanto riso, a não ser a comédia ferina, que mascara dores.

Não há tempo para se perguntar se você está alimentando seu inimigo. O ato é só agora. O presente exige e convence que está acontecendo na exatidão do tempo.

A esperança é vã. As coisas sempre mudarão. E mesmo que não piorem, os costumes existirão. O cotidiano ritual não cessa. E vai segurar suas mãos como criança sorrindo e girando, com sua brincadeira leve e diabólica.

Não há verdadeiro suspiro. O que há é um verdadeiro peso no pulmão, que quase te destroça todo por dentro, que te tira do sério, que te faz avançar, mesmo que você não queira, que berra em seu ouvido como um despertador feroz.

Nesse movimento, que talvez não o leve além, você vai empurrando a si mesmo, imaginando as belezas das ideologias sadias, dos combates e embates a favor de suas idéias e de sua moral.

O mundo dá nó em seu coração, e isso vai apertar ainda mais, meu amigo.

E você me pergunta do que estamos falando aqui exatamente? O que mais temos a falar, senão dessas banalidades que nos mantêm de pé, que nos fazem sensatos e serenos, que não abdicam nunca em favor da nossa fera faminta, que nos arrastam para diante do nosso inimigo verdadeiro que está sempre em todo lugar, que está na superfície da aparência e no profundo da essência?

Homens sérios vivendo seus momentos, andando em círculos. Os gritos do peito traduzidos em sentenças racionais ou em expressões artísticas, tanto faz.

Você para pra pensar e não era nada daquilo que você pensou.

Mas mesmo assim, não paramos de caminhar com nossos paus e pedras nas mãos, unhas e dentes afiados, prontos para explodir e nunca mais ficar no lugar...

Um comentário:

  1. Esse texto nos remete a pensar em um mundo cruel, onde temos q buscar esperanças e lutar para ainda podermos exergar cores, flores e aromas em um mundo e uma sociedade tão turbulentos.

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