domingo, 24 de agosto de 2014
Monstro
Há um monstro em mim
que ninguém vê.
Ele sou eu na padaria,
eu atravessando a praça,
eu olhando fundo.
E através.
Há um monstro em mim,
que passa pelo senhor e não ajoelha,
e ninguém ouve,
e ninguém vê.
Eu sou tão invisível quanto ele.
Há um monstro em mim
que dorme triste em esquinas
dentro de mim,
e que se arroga firme, sem efeito,
a não ser em mim.
Por onde ando,
sigo acompanhado.
Por onde vivo,
ele vai calado.
E há em mim
esse monstro abandonado.
sábado, 2 de agosto de 2014
Perfumes
Dessas ruas escuras,
vazias,
sempre exalam cheiros e perfumes teus,
porque para mim
toda a doçura que há no mundo é tua.
Nessas ruas anoitecidas
e silenciosas,
por onde passo pra qualquer lugar
(sou eu quem atravesso a cidade)
e piso seus calçamentos desconfortáveis,
alguma voz, uma conversa de portão,
eu atravesso.
Nessas ruas sonolentas
por onde passo
sem sequer perceber,
é você quem amorena a minha mente
e se faz lua nesse céu nublado.
É você quem enche meus pulmões
desses aromas sonhados, recordados...
que me fazem percorrer pela cidade novamente,
e mais uma vez,
depois de já ter por ela toda caminhado...
Assinar:
Postagens (Atom)