domingo, 24 de agosto de 2014

Monstro



Há um monstro em mim
que ninguém vê.
Ele sou eu na padaria,
eu atravessando a praça,
eu olhando fundo.
E através.

Há um monstro em mim,
que passa pelo senhor e não ajoelha,
e ninguém ouve,
e ninguém vê.
Eu sou tão invisível quanto ele.

Há um monstro em mim
que dorme triste em esquinas
dentro de mim,
e que se arroga firme, sem efeito,
a não ser em mim.

Por onde ando,
sigo acompanhado.
Por onde vivo,
ele vai calado.
E há em mim
esse monstro abandonado.

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