Foi
no mar, a minha voz se confundindo com o barulho das ondas, que entendi
como tudo faz parte de tudo, o latido de um cão, o amor, a água, o
vento. E eu no meio de tudo...
De olhos fechados, não
distingui o que era eu do que era o mundo. Meu sangue e minha carne eram
como pedaços pequenos do universo, me deixando assim do tamanho dele.
Eu me senti pertencente à vida e aceitei isso imensamente.
Funcionei como um cordeiro abatido num ritual. Apesar das pessoas ao
redor, eu estava só, sem testemunhas, como acontece nos ritos mais
fundamentais, inesperados, irreversíveis.
Quando eu sai,
ninguém viu o sangue derramado na minha pele, ninguém notou o meu
sorriso surpreso de paz, ninguém me viu mergulhar na desarmonia de olhos
renovados, pisando firme na areia, preparado para todas as pedras e
plantas, para todos os abismos e flores. Eu era como um animal pré-histórico
saindo do mar...
Nenhum comentário:
Postar um comentário