sábado, 17 de maio de 2014

A casa antiga





A vida se esvazia de cores, preenchida de fantasmas. Portão que desperta corações com suas chegadas, barulhos de chaves. Ecos do tempo. Ainda escuto o copo se partir no chão. Talheres e bocas. Risadas inesperadas de quem é sério demais, de quem é triste demais. Tentativas de afeto, afastamentos. Eu caminho pelo interior da casa. Ela está ficando maior, igual ao vazio de tudo, do universo imenso, que não consegue conter as coisas juntas, que se expande em força física, em desgastes físicos, tornando tudo tão irreconciliável. Vejo tijolos, rabiscos, nomes semi-escritos. Tudo se foi, eu sei. Estou aqui de pé e a casa está bem diante de mim, quebrada por cima de mim, com todos os seus entulhos travando a minha garganta.

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